Parabéns, Diva.
Podia muito bem começar assim. Ou de outra forma. Escrever
sobre Amália é qualquer coisa que me é difícil. Não porque me faltem elementos,
mas por nunca saber a forma de os exprimir por palavras. Mas a Rainha do Fado
faz hoje 94 anos. Não “faria”, nem “fazia”, nem “comemoraria”. Nada de
passados, muito embora a própria fosse saudosista e fosse feita de saudade, de
passado, de memórias. Era fadista, ponto. Amália faz hoje anos porque nunca
morreu no coração e na memória de todos quantos a admiram.
A maior de todos nós conseguiu atingir o nível onde só
chegam os melhores pelo mérito, pela dedicação e pela humildade. Amália era só
e apenas do povo e orgulhava-se disso. Dedicou a carreira a um povo que lavava
no rio as mágoas de um futuro cinzento. E as lágrimas desse povo, deram a origem ao rio da saudade onde um barco negro navegou. No barco navegava um veleiro que triste cantava. Ele e mais uma
gaivota de esperança fizeram com que a voz de Amália fosse maior do que
qualquer outra, e que o grito de Amália fosse mais forte do que outro grito
qualquer.
A melhor portuguesa de todos os tempos só não esteve na
lista final do conhecido concurso de televisão porque vivemos ainda num país
onde a mulher não conta para o totobola nem sequer mesmo tratando-se de uma das
maiores referências de Portugal no Mundo. Para os mais distraídos, Amália foi
considerada, juntamente com Maria Callas e Frank Sinatra uma das três maiores
vozes do século XX por centenas de críticos reunidos em Nova Iorque.
E reúne em minha opinião todas as características que definem
um artista: a nobreza, a humildade, a presença, a imagem, a genuinidade, a
capacidade artística, a coragem de cantar poetas conotados com um qualquer “vírus
vermelho” e tão importante aquela voz que Deus lhe deu. Só assim Amália foi
maior que qualquer um dos outros. O saber estar, o impressionante domínio de
línguas estrangeiras que foi demonstrando, a dicção, a voz cheia de
portugalidade, aquele sentimento de saudade tão e só nosso. Amália só podia ter
nascido em Portugal. Quis o destino que assim fosse. E no dia de hoje só lhe
posso agradecer por tudo o que nos deu. É que ainda hoje Portugal é Amália.
Parabéns, Diva.
Parabéns, Amália Rodrigues.
Parabéns, Diva.
Parabéns, Amália Rodrigues.
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