terça-feira, 22 de julho de 2014

Parabéns, Diva.



Parabéns, Diva. 

Podia muito bem começar assim. Ou de outra forma. Escrever sobre Amália é qualquer coisa que me é difícil. Não porque me faltem elementos, mas por nunca saber a forma de os exprimir por palavras. Mas a Rainha do Fado faz hoje 94 anos. Não “faria”, nem “fazia”, nem “comemoraria”. Nada de passados, muito embora a própria fosse saudosista e fosse feita de saudade, de passado, de memórias. Era fadista, ponto. Amália faz hoje anos porque nunca morreu no coração e na memória de todos quantos a admiram. 


A maior de todos nós conseguiu atingir o nível onde só chegam os melhores pelo mérito, pela dedicação e pela humildade. Amália era só e apenas do povo e orgulhava-se disso. Dedicou a carreira a um povo que lavava no rio as mágoas de um futuro cinzento. E as lágrimas desse povo, deram a origem ao rio da saudade onde um barco negro navegou. No barco navegava um veleiro que triste cantava.  Ele e mais uma gaivota de esperança fizeram com que a voz de Amália fosse maior do que qualquer outra, e que o grito de Amália fosse mais forte do que outro grito qualquer. 

A melhor portuguesa de todos os tempos só não esteve na lista final do conhecido concurso de televisão porque vivemos ainda num país onde a mulher não conta para o totobola nem sequer mesmo tratando-se de uma das maiores referências de Portugal no Mundo. Para os mais distraídos, Amália foi considerada, juntamente com Maria Callas e Frank Sinatra uma das três maiores vozes do século XX por centenas de críticos reunidos em Nova Iorque. 



E reúne em minha opinião todas as características que definem um artista: a nobreza, a humildade, a presença, a imagem, a genuinidade, a capacidade artística, a coragem de cantar poetas conotados com um qualquer “vírus vermelho” e tão importante aquela voz que Deus lhe deu. Só assim Amália foi maior que qualquer um dos outros. O saber estar, o impressionante domínio de línguas estrangeiras que foi demonstrando, a dicção, a voz cheia de portugalidade, aquele sentimento de saudade tão e só nosso. Amália só podia ter nascido em Portugal. Quis o destino que assim fosse. E no dia de hoje só lhe posso agradecer por tudo o que nos deu. É que ainda hoje Portugal é Amália.

Parabéns, Diva.
Parabéns, Amália Rodrigues.

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