quinta-feira, 24 de julho de 2014

O Jorge que só não é génio porque génio não se escreve com jota

Texto de 30/05/2014.

Jorge Jesus, diz o Sol, pode ser visto (ou melhor, lido) como nunca foi nesta entrevista. Esta frase é típica de Jesus. Ele cria um sistema e os outros seguem-no. É egocêntrico mas nunca escondeu. É teimoso e também nunca o escondeu. É persistente (muito, mesmo quando por vezes não devia) e nunca o escondeu. Mas sabe de futebol como poucos. E isso faz dele o que é. Ora, só juntando o lado dele egocêntrico, teimoso, persistente, e claro a pouca facilidade na língua portuguesa com o lado sabedor, grande conhecedor, o tal mestre da táctica é que foi possível criar este mito real chamado Jorge Jesus.


Sobre a pouca capacidade de falar um português correcto... apenas respondo com a minha também incapacidade de falar e escrever a 100% em bom português. Neste mesmo texto haverá alguém a encontrar uma falha, duas, até mesmo três, outros verão cinco, outros 10 e vai haver quem ache que aquela vírgula não está bem ali e devia ir para o outro lado. Quantos universitários saem das universidades a saber e a dominar a língua portuguesa fluentemente e com categoria suficiente para criticar quem também não o consegue fazer? Todos os que me conhecem sabem que defendi JJ até à última. Lembro-me de há um ano ser um em mil a dizer que o senhor tinha qualidade, que o plantel ia ter qualidade e que o Benfica ia conseguir dar a volta. E ele conseguiu. Ele e o Benfica. O ano passado levou com muita saliva no Estádio Nacional e só ele sabe, e já o disse, o que lhe custou subir aquelas longas escadas, sobretudo mais longas para quem sai derrotado. 


Ele soube perder, e este ano também soube... ganhar. Soube, soube. E mostrou-o: na humildade, na calma nas respostas, o egocentrismo mais posto de lado. Dizem alguns que ele não consegue ser diferente. Sim, e Mourinho consegue? E Ronaldo consegue? Há um grande apresentador de televisão em Portugal (para mim o melhor) que uma vez disse que em televisão (e agora puxo a frase para o mundo do desporto) só se consegue fingir uma vez, à segunda o público dá conta. É aqui que JJ faz a diferença, ele não disfarça, ele é assim. E por isso mesmo tem aqui um fã. Assumidíssimo. Um fã não cego: alguém que consegue entender os defeitos mas gosta muito mais das virtudes. Enorme, JJ. Enorme.

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