quarta-feira, 9 de julho de 2014

Os amigos não morrem: só olham por nós lá em cima

Fonte: http://www.22places.de/cemiterio-dos-prazeres/
Hoje foi dia de visitar uma amiga. Há coisas que não se conseguem explicar mas foi bom estar com ela. Bem sei que estamos sempre juntos. Acredito que qualquer vitória por mais pequena que seja é um bocadinho dela também, resulta da força que me dá. E também reconheço que as coisas não têm corrido tão mal porque ela olha por mim lá em cima.

Mas hoje esta amiga faz anos de vida. Faz. Ela faz anos. E fui dar-lhe os parabéns. Lá fui eu com uma flor na mão e numa cidade absolutamente entristecida com a crise, quando se vê alguém com flores parece que essa pessoa é obra dum ser qualquer extraterrestre.

Fonte: http://www.22places.de/cemiterio-dos-prazeres/
Há ligações que por mais que os anos passem nunca morrem. Ambos sabemos que oito anos depois continuamos os mesmos amigos. Lembro-me de ela andar sempre a dizer à minha mãe, “Olhe, olhe que o seu filho tinha jeitinho para ir àqueles concursos na televisão. Leve-o lá!”. É que passávamos tardes e tardes a jogar aos passatempos interactivos da televisão aqui há uns anos valentes. Lembro-me de conversarmos sobre a escola: como é que eu andava, como estavam as notas… E sendo eu fraco fraco fraco a Educação Física ela fazia questão de me lembrar de um aluno ou aluna já nem sei bem que era bom a tudo menos a Ginástica. Ahh como ali me sentia bem. O meu ego subia logo. Afinal eu não era assim tao bom a tudo mas ao menos era comparado a alguém que o era. E esta minha amiga era professora de Ginástica. Mais devia querer que fôssemos todos excelentes à cadeira. Mas não, sabia dar palavra certa, no momento certo, à pessoa certa, com aquela sabedoria e serenidade que não me lembro de ver em mais ninguém. E falávamos de política, do Soares, do Sócrates, da importância de votar. E sempre me ia alertando: tenta sempre fazer o melhor que podes em tudo o que fazes.

E hoje, lá estive eu. Estes sítios são locais de grandes lições de vida. Não gosto de estar ali muito tempo pelo facto de pensar que muitos dos que ali estão faziam falta deste lado. E o número de jovens… tantos túmulos com fotografias de rapazes e raparigas de vinte, trinta anos que já partiram. Valerá à pena tanto ódio, tanta avareza, inveja, discriminação, avareza, para todos terminarmos naquele ou noutro sítio igual?

Mas há ligações que a morte física não apaga. Essas valem tudo. Depois da vida não se sabe bem o que existe. Uns garantem tudo, outros asseguram que não há nada. Cada um tem as suas crenças, sabe o que sente. Eu sei que há malta lá em cima que me ajuda todos os dias a tentar ser melhor. É por isso que por mais coisas más que se cometam cá em baixo, há sempre amigos lá no alto a levantar-me o astral. Os que me fazem bem estão sempre comigo. Daí que acredite que o bem vai vencer sempre o mal. Sempre, sempre, sempre.

Obrigado por tudo, D. Sílvia. Os amigos não morrem. Até sempre. 

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