sábado, 7 de junho de 2014

Quando o casting é apenas um pormenor






Na vida mais do que conseguir, é preciso tentar. Não há melhor frase do que esta para descrever o que se passou a noite passada e ao longo deste dia na Rua Conceição Fernandes em Vila Nova de Gaia. Só quem esteve naquele sítio é que entende o poder desta frase. Não consigo exprimir por palavras (pelo menos com as melhores palavras) o que vivi junto à RTP. Digo junto porque o que se passou dentro dos estúdios da estação pública é uma ínfima parte da aventura. É aliás a parte menos importante. 


Mais importante foi ter saído de Viseu, ter deixado a minha zona de conforto, para viajar até Gaia. Uma mochila a pesar uns belos quilos, um chapéu-de-chuva, um casaco vermelho (indo para o Porto, foi ainda mais marcante!) e uma cabeça a tentar acreditar que podia correr bem. Mas o que mais eu tentava acreditar que mais do que o casting, passar a noite ao relento tinha que correr minimamente bem.
Fui o primeiro a chegar à RTP mas como o sono já pesava e ainda eram dez e meia da noite, fui tomar um café e sem pressas andei por ali a conhecer o bairro. Mais tarde vi que estavam já pessoas na fila mas não me importei porque ser o primeiro ainda me ia deixar mais nervoso. O melhor estava para chegar e veio de vários pontos do país. Começou por vir de Guimarães, dois jovens – depois mais tarde percebi que apenas um ia fazer casting – chegam e ficou mais fácil de enfrentar a espera, faltavam oito horas para o casting começar. Entretanto enquanto arranjávamos a melhor posição para não doer as costas nas grades chega outra jovem, esta de São Pedro do Sul e mais tarde uma outra de Oliveira de Azeméis. 


E eu, que pensava que ali ia passar a noite junto de muita gente mas na prática sozinho, acabei por participar numa animada mas longa noite de espera. Falámos do que ali estávamos a fazer, do que gostávamos de fazer, de programas de televisão, arrasámos apresentadores, elogiámos outros, falámos da Fanny e dos seus méritos e defeitos (esta devia ter sido a melhor parte!), chegámos à conclusão de que mais valia ir para um reality-show e não ficar aquelas horas à espera ao vento, a algum frio e a pouca chuva. Pelo meio alguém me perguntava as horas de dez em dez minutos e houve duas frases da noite que repeti até me cansar: “Isto é um crime estar aqui este tempo todo à espera!” e “Se o senhor do café estivesse aberto tinha feito hoje rios de dinheiro..”. E que bons que eram os croissants do café...! 

A noite foi passando com risos e piadas e as pessoas foram chegando. Mas só lá para as cinco da manhã é que se começou a ver a fila a aumentar mesmo. Entretanto começa o frio a apertar, chove, tiram-se as mantas do chão, abre-se o chapéu e torna-se a pôr tudo como estava porque só caíram uns bons pingos de chuva. 


Por volta das nove da manhã começaram a chamar-nos e estava escrito que o grupo dos 4 tinha que estar junto à porta da entrada dos castings e por lá ainda tiramos uma foto. Aquela porta teimava em não abrir, os nervos que resultavam da vontade de tentar ignorar que não dormimos nada e que estivemos ali horas e horas ao frio para em quatro ou cinco minutos mostrarmos tudo o que valemos. 

No fim, à saída lá estavam os nervos à porta e a incapacidade que demonstrei em dizer como correu. Não sabia, não queria saber. Apetece-me lembrar a noite passada junto ao portão da RTP. Até parece mentira que conheci pessoas brutais, vivi momentos que vou levar na minha memória, arrisquei muito, perdi pouco, ganhei bastante e consegui o que queria: sair de casa à procura de tentar. Por isso valeu a pena!

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