Um século de fé. Talvez seja mais do que isso. Fátima é, como diz e bem o Frei Bento Domingues, o cais das lágrimas de Portugal.
Quantas promessas. Quantos pedidos. Súplicas. Bençãos. Quantas velas. Quantos quilómetros percorridos a pé, descalços, de joelhos. Com chuva, vento, sol arrasador. Tanta e tanta dor.
Dizer que Fátima é fé, é certo mas poucos. É tudo o que envolve cada um de nós. É a vida de cada um de nós. O desgosto, a dor, a solidão, a angústia, a tristeza profunda. Fátima ampara tudo isto. Está em cada um destes momentos. Da prece ao agradecimento, do louvor à penitência.
É um fenómeno que esbate barreiras. Não há dogma algum aqui, de parte nenhuma. Os pontos de vista são os sentidos de cada um. Aliás, é este mundo que tenta perceber todas as causas para tudo, que remexe todos os meandros seja do que for, que vai cavando fossos e dando lugar a divisões sem sentido. Nem tudo tem explicação. E é o lugar da Fé, este sentimento místico, quiçá a roçar a fantasia, que talvez, apenas talvez, possa explicar Fátima. Porque só uma Fé aliada a um profundo desamparo, faz uma pessoa fazer centenas de quilómetros para ganhar a alegria do dever cumprido ao avistar o ponto mais alto da Basílica.
É esta Fé, este impulso religioso, esta vontade inquebrável de ligação a um Deus qualquer, que dá a Fátima um cariz imensamente popular mas sobretudo absolutamente subjectivo.
Esta força interior que nos torna únicos e nos selecciona para ser e sentir diferentes, faz de Fátima um caso de estudo. Estudo esse que jamais terminará. Talvez termine um dia. Mas só quando a última vela se apagar. Até ao último artigo escrito. Até ao derradeiro curioso.
Fátima é, assim, um local de vida. De vidas. De vivências. De histórias. De gente! De todos nós.
Carlos Eduardo Esteves.
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