A minha é a última. E a mim ninguém me impinge um modelo de família.
Certo dia, na preparação para uma festa religiosa (sim, tenho 10 anos de
catequese, mas catequese "boa" com
debate de ideias livre e democrático), um padre, quando na altura se discutia a
despenalização do aborto, referiu-se aos filhos que vivem e são criados
com apenas um progenitor como "desequilibrados mentalmente",
faltando-lhes o outro lado materno ou paterno.
Admito que, para pessoas
que passam a vida fechadas num seminário, a ideia de família seja a do
pai, mãe, um filho e um cão para ajudar à harmonia total. Eu tinha 16
anos e levantei-me e saí da sala. Comigo, numa total acção solidária,
vieram todos os meus amigos de catequese. O senhor, que deitava aquelas
palavras com a máxima certeza, apercebeu-se que estava ali um
"desequilibrado".
Não me importei, sempre fui o que quis ser, por força
da minha família, também. Sempre pensei por mim, nunca precisei de
muletas. Hoje, com 22 anos não esperem que pense de outra forma. Família
é amor, estabilidade, disciplina, rigor, carinho, admiração, orgulho de
termos aqueles pais, aquelas mães, aquela mãe, aquele pai. Como diria
Benjamim Franklin a verdadeira riqueza de uma família não está no
sangue, nem no dinheiro, nem no género. Franklin precisava apenas de
duas coisas para ter uma família rica na essência: "paz e harmonia". E
no fundo nada, rigorosamente nada, mais importa.
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