quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A crise e o regime de colaboração casaram. Foste convidado/a?



- Crise, aceita o regime de colaboração como seu legítimo esposo, e promete amá-lo e respeitá-lo mesmo quando um licenciado estúpido se aproximar de vós e pedir que o vosso casamento acabe até que algum governante decente agarre nisto tudo e ponha as pessoas a receber condignamente e os verdadeiros responsáveis no devido lugar?


- Regime de colaboração, aceita a crise como sua legítima esposa e promete amá-la e respeitá-la até porque se não o fizeres nunca te vais safar porque é ela que te faz sobreviver. Prometes manter-te fiel até que já não haja jovens neste país ou porque saíram daqui ou porque desistiram de viver?




Foi assim. Já estão casados e quem foi convidado sabe bem quão linda foi a cerimónia: do lote de convidados só se avistavam governantes, grandes empresários, patrões, sindicalistas pouco preocupados com quem “trabalha”, banqueiros, gente que manda neste país, políticos em geral, deputados em particular. Este casamento continua a matar a criatividade, o mérito, a capacidade de ir mais longe. E perdura graças à vergonhosa legislação laboral e ao evidente não proteccionismo que os jovens licenciados vivem neste país. 

Quem foi convidado a participar neste casamento sabe que crise e regime de colaboração é claramente um casamento de conveniência. À crise convém o regime de colaboração porque dele resulta a justificação para muito patrão dizer que não há dinheiro  e que só pode oferecer trabalho exigindo a quem o aceita que se ofereça literalmente, já que a relação laboral é feita a troco de nada ou de quase nada. Ao regime de colaboração convém a crise porque é nela que ele ganhou ainda mais notoriedade e visibilidade, sente-se importante e famoso. 

Casamento perfeito. Palmas. Arroz. E foram felizes para sempre.

PS: A meio da cerimónia perguntou-se se alguém tinha alguma coisa a dizer contra este casamento ou então que se fizesse silêncio para sempre. 
Se queres que este casamento acabe faz ouvir a tua voz ou cala-te para sempre. Assina esta petição para que a voz de quem está nesta situação seja ouvida. Assina para que se acabe com a vergonha dos estágios gratuitos.  http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=BarnabeSousa

Podemos ao menos tentar?

Lembra-te que quando quiseres que te defendam já só restarás tu se continuares com a postura de não te preocupares com nada à tua volta. Queres que isto continue? Deixa correr a cerimónia. Não queres? Levanta-te e grita, revolta-te!

O futuro é nosso. Acordai!

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