Antes que tudo dizer que sou totalmente a favor do uso de estatísticas, logo da realização do Censos. Mas que sejam verdadeiras estas estatísticas. Bem sei que há muitos dados que não entram nos números, porque não interessam, porque “são irrelevantes”, porque é cómodo, ou porque o Governo não gosta.
E um dos dados que não entra para estas estatísticas “super modernas” é o número de casas que não têm casa de banho (não se vai perguntar se a casa tem ou não casa de banho): a procura de branquear todos os casos de pobreza extrema que há neste Portugal é clarificada neste tópico. Mas não se fica por aqui: o número de pessoas a recibos verdes será incluído no número de trabalhadores por conta de outrém, logo o número de trabalhadores precários será claramente escondido. É realmente incrível que para estatísticas oficiais não entre a verdadeira realidade, aquela que a sra. Maria tem quando chega a casa e tem que urinar para um balde que depois deita no caixote do lixo; aquela que o Zé vive no seu posto de trabalho e nas contas para pagar. E esta realidade não entra nas estatísticas. Claro está que poderia ser (como eles adoram dizer) estatisticamente irrelevante o número de casas sem quartos de banho, mas essa irrelevância mostraria, sem dúvida e absolutamente, a nossa incapacidade de anular essas irrelevâncias.
E, a tentativa de colocar Portugal num palco super moderno e não admitir, frontalmente, o que temos é claramente de um país que ignora os anos de história que temos, as pessoas com capacidade empreendedora que temos e a heroicidade de alguns lusos que (infelizmente não ressuscitam). Ao invés colocamos nestes estudos tudo o que de mau temos: a ignorância, a insensibilidade, a desumanidade, a triste capacidade de não resolver problemas, o modernismo irresponsável…
Isto só continua com este Censos 2011 que vai fazer o que o senhor PM faz todos os dias: dizer que todos somos felizes e contentes; e isto durará até ao dia em que alguém se passe e através de uma multidão revoltada acabe com a “tolerância e pacificidade” de um povo que está farto de ser calado, humilhado, ignorado, enxovalhado.
E aí podemos dizer adeus a estatísticas irrelevantes porque essas até já nem farão falta. Valerá mais a força do povo aliada a uma capacidade de luta e de contestação que as estatísticas, por muito que se esforcem, não medem.
Gostei bastante do que pude ler Carlos.
ResponderEliminarConcordo com o que escreveste neste post. Estes censos estão a tornar-se mais uma tentativa de embelezar as coisas e no meio de tudo até fraude cometer, no que diz respeito á pergunta número 32.
Continua a estar atento e a manifestar a tua opinião!
Bjos*