terça-feira, 12 de outubro de 2010

uma vida a morrer..

Ontem fiquei ainda mais perplexo comigo próprio: não me consigo definir pelo sim ou pelo não quando penso em "eutanásia". Ao ver a reportagem com "r" grande da jornalista( com "j" grande) Ana Leal estou ainda mais duvidoso mas tenho uma certeza: há que permitir a todos os doentes terminais um último direito que é morrer com dignidade, com o mínimo de dores.

Já fui a favor da eutanásia, aliás fui defendendo essa causa com unhas e dentes. Considerava que era um pleno direito da pessoa em estado considerado terminal, decidir se queria ou não morrer. Depois acabei por me pôr do lado dos profissionais de saúde: o quão deve ser difícil desligar "a máquina". Eles que dizem "sim" à vida até ao fim com dignidade.

Hoje estou inclinado para não dizer nada. Não me consigo colocar de lado algum. E espero que não se faça nenhum referendo sobre isto porque as pessoas não entendem estas questões como os profissionais de saúde as entendem. E com isto digo que esta é uma questão muito mais complexa do que a questão do aborto. O aborto sim devia ser referendado por uma verdadeira sociedade democrática. Aqui há mais contornos: em que casos se deve desligar a máquina? a família pode decidir? quantos anos depois de um coma profundo se deve terminar a "vida"? São questões só respondidas por profissionais de saúde, especialistas em ciência, religião..

A eutanásia urge ser discutida neste país. Mas mais do que a discutir a eutanásia é discutir a rede de cuidados paliativos. Hoje é ridiculamente curta. Precisávamos de cem centros de cuidados continuados. Temos 20! É sempre interessante numa sociedade democrática onde a saúde é para todos e para qualquer um, assistirmos a isto. Sim porque a democracia é também isto: é na vida e na morte. Não é só para votar que existe democracia.. E viva a República!...

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