Hoje ao conversar com a minha amiga Vanessa dei-me conta do quão fui especial.. Não no sentido de necessário, vital ou qualquer tipo de dependência, mas achei que deixei marca, mais do que não seja na palhaçada, na parvoíce, no domínio de tudo aquilo que remetesse para o plano não sério, ou melhor, para um plano sério mas "ao de leve".
Dei-me conta do quão alegre era nessa altura, uma altura de grande crescimento intelectual, porque podemos crescer nesse ambiente "quase nada sério". Podemos crescer enquanto pessoas, sermos nós próprios.
Lembrei-me do "anda la pah" do "calou" do "tudo a bater palmas", lembrei-me de tudo o que me ajudou a ver o Mundo de outra forma, não menos importante, não menos "séria".. Eu construí o meu mundinho nesta inocência e nesta capacidade de rir, rir tanto, aí sim eu era feliz, junto de todos aqueles que se riam comigo na longa caminhada do Secundário. Hoje? Bem hoje sinto uma sensação de "dever cumprido". Hoje sei que naquela Escola sou o "Carlitos que se ria nos corredores e que metia conversa com as minhas queridas auxiliares de acção educativa.. hoje sou o Carlitos de Viseu, caído numa "selva", num lugar onde não abunda o sorriso, a entreajuda, o companheirismo, a atenção e o afecto pelo outro.. Mas sei que este é o Mundo real, mas esta cidade torna-o um pesadelo, um pesadelo difícil de aceitar, um pesadelo que rói e que me "mata", que me poe duvidoso acerca das minhas próprias convicções...
Este pesadelo chegou depressa demais à minha vida, depois de um sonho feliz, belo, e que me completava enquanto ser útil para todos aqueles que me rodeavam.. porque mais que não fosse eu servia para qualquer coisa: alegrar a malta..
Hoje sinto saudades, o sonho não voltará hoje.. nem amanhã....
O sonho é algo muito abstracto, não é algo que vem de rompante e te invade e que te faz tão feliz por alguns momentos. Esse é o sonho vivido nos contos de fadas. O sonho real, é aquele que nós construímos no nosso dia-a-dia, com cada gesto, cada palavra, cada amizade que unificamos... Esta forma de viajar é uma mera sobrevivência retida dos nossos antepassados, que ainda hoje se acredita, nos mais recônditos locais do mundo, existir um tempo do sonho (Dream Time), que não só existe, como é aquele em que eles (Arunta - tribo australiana) vivem.
ResponderEliminarSei que para ti um sonho lindo se tornou num pesadelo, quando viste todo o Mundo à tua volta, todo o teu "porto seguro" submergir numa enorme saudade, mas pensa, à milhares de anos, desde os seus antepassados antropozoomorficos, que os Arunta vivem num tempo de sonho, por isso, não construas um pesadelo, daquilo que muito provavelmente será num futuro muito próximo uma continuaçao desse lindo sonho, simplesmente alargando o elenco, acrescentando cenários.
A vida não é assim tao dura como a dramatizamos, vamos agradecer termos alguém de quem sentir saudade, apesar de esse sentimento doer muito, a verdadeira solidão doi muito mais.
Encara os novos obstáculos como a continuaçao da tua viagem, a continuaçao da tua aventura no mundo dos sonhos, com monstros, fadas e dragões à mistura. Mas já sabes o final... "...they lived happily ever after." :)
Marta Lima