Onze anos depois…
Onze anos depois o povo português continua grato à grande artista que foi, é e sempre será Amália Rodrigues.
Eu faço parte do povo português autêntico. E aqui não quero entrar em cisões entre os portugueses do antigamente e os de hoje. Quero apenas distinguir um povo que não esquece os que o afirmaram sem vergonha, com orgulho de pertencerem a tal raiz que nos particulariza, e os que simplesmente por não saberem, por não quererem ou por simplesmente ignorarem, não lhes dão a devida homenagem. É aqui que há uma divisão: há os que têm memória e os que se esquecem… Eu faço parte da primeira categoria.
É-me impossível esquecer Amália. E não é porque sou saudosista e tudo isso. Não. É porque não consigo deixar de lhe reconhecer um dom: o de encantar o Mundo inteiro com a música que nos caracteriza (tenha esta música origens ou não no povo luso). Amália foi capaz de na sua postura popular, anti-encantamento, numa postura que nos deixava cheiinhos de orgulho. Amália foi capaz de subir aos maiores palcos do Mundo e conseguiu encantar toda a gente com o seu jeito tão português. Amália era do povo e disso se orgulhava. Era popular e adorava sê-lo. E é isso que mais me fascina. Com o sucesso que conquistou sempre manteve a sua maneira de ser, ao contrário de estrelas de um ano de carreira… Hoje o que vemos não é o espírito de entrega, de sacrifício tão próprio de Amália. Por isso nestes onze anos que passam sobre a sua morte não posso, não devo aliás, passar ao lado desta data para justamente afirmar que hoje a arte está votada para um determinado público, onde os actores, cantores, humoristas se iludem com pouco…
Ao ouvir o “Povo que lavas no rio” vejo isso mesmo: Amália era do povo e queria continuar a ser. E é. Para sempre será sempre a nossa Amália. Para nós que não a esqueceremos nunca, para nós que temos memória. Para nós que honramos o verdadeiro espírito de entrega desta artista magnífica. Hoje não tenho mais a dizer, apenas um sentido obrigado.
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